Izaura Márcia, consagrada ao Deus da vida!

“Eu os deixo com a minha paz; a minha paz lhes dou, não como o mundo a costuma dar. Não se preocupem nem tenham medo.” Jo 14.27

Primeiros anos – A Revª Izaura, membro do Presbitério de Vitória como uma de suas ministras, nasceu no dia 16/01/1947, fruto do amor do Sr. José Venerano (+ aos 65 anos) e da Sra. Carolina Beato Venerano (+ aos 85 anos). São seus irmãos e irmãs: Cirene Lucia Venerano, Dilene Marta Venerano, Francisco José Venerano, Adauto Beato Venerano, Joaquim José Venerano (+), Claudio Beato Venerano (+) e Marco Antonio Beato Venerano (+). Uma família unida, solidária, nutrida no amor recíproco. A eles mulheres e homens de valor se uniram, gerando novas gerações.

Testemunho familiar – Sua família é natural de Guaçuí, Espírito Santo, onde participava da Igreja Presbiteriana do Brasil de Guaçuí há muitas gerações; tendo sido também pastoreada pelo Rev. Donato Demétrio Soares, pai da Pba. Amélia G.W. Soares Coelho, da Igreja Presbiteriana do IBES, pastor que visitava muitos campos missionários à cavalo, passando semanas em serviço na região do sul do estado do ES e leste de MG. A família mudou-se para a capital do Espírito Santo, Vitória, incluindo o seu tio, Rev. Joaquim Beato, que veio a tornar-se ministro presbiteriano, pastor de diversas igrejas, educador, político, membro de conselho, no âmbito local, regional e nacional da IPU, e primeiro senador negro da história da República brasileira, defendendo projetos em favor do bem comum. Dona Elza Maria de Jesus já anciã, e como vizinha, testemunha o valor desta família cristã.

Na juventude – Participava e ajudava na organização de encontros ecumênicos e eclesiásticos da IPU e de outras igrejas. Convivia com grande alegria, tendo sido a sua trajetória em comunhão fraterna. Como pedagoga, sabia o valor da formação do jovem, que é de imperiosa necessidade, e, embebida de responsabilidade, atuava com maestria; e assim, os jovens da IPU se encontravam e fortaleciam seus laços de comunhão, formação e unidade. A juventude ecumênica se articulava, especialmente entre presbiterianos unidos, anglicanos, metodistas e católicos, como no encontro temático “Coração de estudante: juventude e fé”, baseado no esperançar de Milton Nascimento. Foi assim que conhecemos o Xico Esvael da Anglicana, o Ernesto Barros Cardoso da Metodista, entre outros.

Como educadora – Uma grande mulher, inspiradora e lutadora. Formou-se em pedagogia pela Universidade Federal do ES; atuando nesta área junto ao Governo do Estado do ES e junto a Prefeitura Municipal de Vitória, como profissional dedicada. Formou cidadãos para um mundo melhor, enfrentou a violência dentro de escolas públicas, lutou por uma educação de qualidade, combateu o bom combate, guardou a fé, ensinou com sabedoria.

Participação comunitária como liderança negra, feminina, qualificada – A Rev.ª Izaura Marcia cultivava uma espiritualidade profunda, assim como sua avó e como a sua mãe e pai, era mulher de leitura bíblica contextualizada, vida devocional regular, de oração engajada, de profundidade teológica no que dizia, de fala suave e firme, de bom tom, focada nos valores do Reino de nosso Senhor Jesus Cristo. Além de participar do movimento negro, de participar do movimento pela educação de qualidade, representou por diversas vezes o Presbiterio de Vitória no CONERES – Conselho de Ensino Religioso do Espírito Santo, contribuindo para o diálogo interreligioso e a valorização dos fundamentos da espiritualidade ecumênica, na educação pública.

Uma vida em comunhão e serviço – Na Igreja atuou como aluna de escola dominical, como membro de igreja, com voz ativa em espaços como assembleias, depois, tornou-se exemplo de que Deus não é preconceituoso, por isso, foi eleita como mulher à função de presbítera e depois como mulher ministra presbiteriana, valorizando e qualificando o poder exercido na dimensão do serviço sincero, dedicado, consagrado ao Deus da vida. Atuou como liderança na Segunda Igreja Presbiteriana de Vitória, em Santo Antônio; no presbiterato junto a Igreja Presbiteriana de Jardim da Penha, por dois mandatos.

Formação de lideranças – Em 11 de setembro de 2004, em reunião conciliar realizada na Primeira Igreja Presbiteriana Unida de Vitória, ela, a Rev.ª Eliane Brêda, o Rev. Gilcemário Bittencourt Cardoso e o Rev. Cleverson Gomes Corrêa foram ordenados ao ministério pastoral, uma grande bênção. A Rev.ª Izaura foi eleita e passou a pastorear a IPU de Campo Grande, em Cariacica; depois, a IP de Maruípe, em ministério colegiado. Em 2008, com o falecimento de sua mãe, sofreu o primeiro AVC, sendo que a partir daí, teve outros AVCs, ficando acamada, permanecendo como membro da IP Maruípe.

Foi Diretora do Centro de Formação Teológica Richard Shaull; foi professora de Fundamentos Pedagógicos para a Educação Cristã, de Prática Eclesiástica, no Centro de Formação Teológica Richard Shaull. Também contribuiu para o processo de formação de seminaristas em Colatina, ES.

No processo acadêmico – A Rev.ª. Izaura estudou no Rio Grande do Sul, ocasião que teve a acolhida da Rev.ª. Sônia Mota e esposo Pr. Nelson Killp; e de seu mestrado trouxe grande contribuição para na área da liturgia, inclusive, ao defender a tese “LITURGIA E NEGRITUDE: UMA APROXIMAÇÃO AO TEMA NA PERSPECTIVA DA IGREJA PRESBITERIANA UNIDA DO BRASIL”, pela EST – Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, RS. Assim, deixa-nos o legado, uma excelente contribuição na área do culto e liturgia: http://www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Mest_Prof/venerano_im_tmp06.pdf; destacou o Rev. Pedro Líseas Moraes e Silva, que chegou a ser pastoreado por ela, em sua adolescência e juventude.

No Presbitério de Vitória ocupou funções no Conselho Coordenador, com um destaque especial na Secretaria Geral do Concílio. Atuou em comissões, coordenações, etc. Sempre dedicada, atuando em favor da edificação do Corpo de Cristo.

Na Igreja Presbiteriana Unida do Brasil atuou no campo da educação teológica, participou ativamente de diversas atividades conciliares, inúmeras assembleias, trazendo qualidade aos debates conciliares; assim, foi eleita como membro do Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e nele atuou com sabedoria, coragem e consagração.

Amparo e suporte, atitudes diante da fragilidade da vida – Por tudo isso e muito mais que não traduzimos aqui, louvamos e bendizemos a Deus pelo tempo que nos permitiu conviver com a Rev.ª Izaura Marcia. Sua família foi amparo seguro e ajudou nossa querida irmã a ter qualidade de vida, apoiada, suportada, amada, com dignidade. Os amigos e amigas de longe não deixavam de visita-la, sendo fontes de consolo, apoio, bálsamo. A Igreja Presbiteriana de Maruípe mantinha relação solidária e manteve cultos regulares, com o apoio do Presbitério, sendo-lhe servida a Santa Ceia com regularidade. Como símbolo desta presença significativa foram confeccionadas e presenteadas delicadas e belíssimas coroas de flores. Somos gratos.

A vida é como um rio que não teme o encontro com o mar, assim, deixando a Igreja Militante neste dia 24 de outubro de 2022, entra no rol da Igreja Triunfante, unida à Fonte Eterna. Nossa irmã, falecida no conforto do lar, assistida por médico e familiares, e sepultada no Cemitério Jardim da Paz, teve um culto gratulatório com a presença da IPU, do PVTR, das diversas igrejas locais e ministros (as) do Presbitério de Vitória, com mensagens de apreço de amigos, amigas, familiares; sendo um conforto ouvir o pastor da Igreja, Rev. Cleverson G. Corrêa, o Rev. Manoel S. Miranda, pastor do Concílio, e outras vozes familiares e amigas, que juntas, louvamos a Deus, com hinos, ações de graças, proclamação da Palavra, e nos fortalecemos na vivência da nossa fé e esperança cristãs: CREMOS NA RESSURREIÇÃO, na bondade misericordiosa de Deus Criador, no Consolador divino, na sua graça infinita e abrangente,  e no que Jesus Cristo tem preparado para quem vive nele, por ele, com ele e para ele, na Missio Dei.

Assinam: Membros do Conselho Coordenador da IPU e do Presbitério de Vitória

Por Wilson Lords Torres