Nota de falecimento: Alma Cole Wright

A Graça e a ternura, a alegria e a hospitalidade, a gentileza e a paz, eis um retrato ainda imperfeito desta senhora singular que passou conosco algum tempo, precioso tempo, na proporção da saudade que sempre nos deixou. E era quase anônima, embora sempre bem visível por sua estatura, e por uma belíssima e muito estimada prole de cinco: Sílvia, Nelson, Sônia, Delora e Anita.

Seu jeito brincalhão, sua comunicação tranquila e direta e sua arte na representação teatral trouxeram à Rua Sete um prolongado e inesquecível riso de prazer e alegria ao vê-la vestida de palhaço, brincando com outras crianças no palco do Salão Rev. Eduardo Ramos Coelho, também de saudosa memória.

Acostumada à vida saudável, circulava de bicicleta pela ilha de Vitória e participava de competições organizadas para a sua faixa etária, sendo vencedora nestas competições. Mas o crescimento rápido da cidade e o aumento de carros impediram-na de continuar pedalando por nossas ruas que, certamente, seriam muito mais graciosas se inundadas pelos veículos de duas rodas não motorizados, levando nos seus selins crianças de todas as idades a sorrir e brincar como fazia Alma Wright.

Chamava-me carinhosamente de “meu pastor”, e eu ficava honrado e via minha responsabilidade aumentada porque seu marido e meu amigo, de quem guardo profundo respeito e admiração, também era pastor, meu pastor, Rev. Jaime Wright, de inestimáveis serviços à Igreja de Jesus Cristo, particularmente à Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, e à Pátria brasileira, em sua ingente luta para restaurar a democracia e a legitimidade política em nosso país e o fim das torturas e desaparecimento de presos políticos.

Alma, na sua viuvez, foi acometida pela enfermidade do esquecimento, e o seu belo português foi cedendo à língua materna, o inglês, numa espécie de sublimação de sua beleza espiritual, refletida no seu rosto sempre sorridente.

O grande carinho e cuidado de sua família, há cerca de quatro anos, a levaram para uma casa aconchegante em Ribeirão Preto, São Paulo, onde faleceu no sábado, 17 de abril de 2010, aos 86 anos e agora nossa querida irmã pedala em total segurança pelos campos eternos do Senhor, e vai sorrindo, premiada por sua fé no Senhor Jesus, a quem serviu por toda a vida.

Aos familiares, nosso abraço também dolorido, e igualmente cheio de esperança.