CONSELHO COORDENADOR DA IGREJA PRESBITERIANA UNIDA DO BRASIL – CCIPU
Sobre os recentes atos de intolerância religiosa praticados no Brasil
O Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – CCIPU, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o ato de intolerância religiosa de evangélicos fundamentalistas contra a garota Kailane Campos, de 11 anos, candomblecista, que foi atingida por uma pedra quando saia de um culto em Vila da Penha – Rio de Janeiro, em 14/06, bem como diante de situações semelhantes que tem ocorrido com temerária frequência no Brasil, seja contra pessoas ou espaços sagrados ligados a expressões religiosas de matriz africana, indígena e, inclusive, católico romanas, com a destruição de santos e depredação de templos, resolve fazer o seguinte PRONUNCIAMENTO em que a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – IPU:
1 – Repudia todo e qualquer ato e discurso de intolerância religiosa, pois compreende que as várias formas de violência que dela decorrem, sejam verbais, simbólicas ou físicas, são absolutamente contrárias ao exemplo e ensino de Jesus Cristo. No Sermão da Montanha, extraordinária síntese da mensagem cristã, encontramos, por exemplo, que são bem-aventurados os que promovem a paz (Mt 5: 8) e que a reciprocidade do respeito é fundamental nas relações humanas (Mt 7:12). No Evangelho de Lucas, encontramos Jesus a repreender a intolerância religiosa de seus discípulos (Lc 9: 51-56), gesto que precisa ser cada vez mais retomado em nosso tempo;
2 – Solidariza-se – pelo espírito do próprio Evangelho que anuncia – com todo e qualquer esforço pela ampliação da liberdade, pela elevação da dignidade e preservação da integridade da pessoa humana (PFO, art. 9º, k);
3 – Compromete-se com a defesa do direito e da Justiça (Pv 15: 9, 21: 3; Mt 5: 6, Ef 5: 9), vale ressaltar, aqui, o direito constitucional à liberdade de crença e culto (art. 5º, inciso VI, CF);
4 – Chama a atenção para o fato de que líderes e grupos evangélicos fundamentalistas não representam a totalidade dos evangélicos brasileiros e ora a Deus para que abandonem posturas agressivas e desrespeitosas com outras expressões de fé;
5 – Defende ser de fundamental importância promover a consciência de que o Estado brasileiro é laico com vistas ao fortalecimento da democracia brasileira e para a ampliação do respeito à diversidade religiosa em nossa cultura;
6 – Compreende que as perseguições a religiões de matriz africana mantêm íntima relação com o racismo que, por razões históricas, se faz presente em nosso país de modo estrutural, e por isso os esforços para a superação do preconceito racial e religioso precisam estar articulados;
7 – Reconhece que a agressão física, de um modo geral, é precedida de um discurso que demoniza o outro, portanto faz-se necessário uma vigilante leitura e posicionamento crítico e profético diante de tais discursos;
O CCIPU conclama irmãos e irmãs, comunidades e Presbitérios que congregam nesta Igreja, à oração, ao estudo bíblico e teológico, à realização de ações e projetos voltados ao respeito e Diálogo Interreligioso, a fim de que, a partir de nossa fé em Cristo, sejamos promotores da Paz e da Justiça, lembrando-nos sempre das amorosas palavras da III Carta de João 1: 11, “Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus.”
Vitória/ES, 23 de junho de 2015
Conselho Coordenador da IPU – 2014-2017
Wertson Brasil de Souza
Moderador do CC-IPU
Elson Rubens dos Santos
Vice-Moderador do CC-IPU
Sérgio Augusto Miranda
1º Secretário do CC-IPU
Wilson Tadeu de Carvalho Eccard
2º Secretário do CC-IPU
Davi Freitas Natal
Tesoureiro