PRONUNCIAMENTO SOBRE OS ASSASSINATOS DE BRUNO PEREIRA E DOM PHILLIPS
“O justo será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, mas os maus serão como a palha que o vento espalha. No dia do Juízo eles serão condenados” (Sl 1).
Atento aos recentes fatos ocorridos na sociedade brasileira, o Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil pronuncia-se a respeito dos brutais assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philiips.
Diante de tais fatos o CC-IPU declara que:
- A omissão do Governo Federal, no que diz respeito ao apoio e à proteção da vida dos defensores do meio ambiente e dos povos indígenas é condenável diante da Palavra de Deus e da sociedade civil;
- As declarações iniciais do chefe do Poder Executivo a respeito do desaparecimento do indigenista e do jornalista, repetidas por muitos de seus apoiadores, ao defini-los como aventureiros, parecem querer culpar as vítimas pelo próprio desaparecimento e consequente morte.
III. As mortes de Bruno e Dom apontam para um projeto muito mais amplo, que tem se implementado nos últimos anos com anuência do poder executivo, motivado por uma política omissa em relação à destruição da floresta amazônica; causadora de avanços nos efeitos do aquecimento global, de ameaças contra as tribos nativas e contra a demarcação de seus territórios;
- O abandono e a marginalização das populações ribeirinhas, o desmantelamento das instituições de proteção e de preservação do meio ambiente e as ameaças e assassinatos de indivíduos engajados no bem do povo e do ecossistema amazônico também são características visíveis de um governo que coloca a vida em segundo plano.
Diante disso, o CC-IPU endossa:
(1) a afirmação quanto ao profundo entristecimento feito pelo Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights;
(2) o pedido de iniciativas imediatas e enérgicas para combater a ilegalidade e as redes criminosas na Amazônia feito por A Human Rights Watch;
(3) a afirmação de que os acontecimentos referidos são consequências das ações e omissões de um governo empenhado na economia da destruição, feita pelo Greenpeace;
(4) o firme posicionamento na denúncia dos crimes e omissões ocorridos neste e em outros casos, feita pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil);
(5) as demais manifestações de solidariedade às famílias e amigos de Bruno e de Dom e as denúncias dos crimes e omissões feitas por diversas instituições da sociedade brasileira e internacional.
O CC-IPU lamenta reconhecer que muitos outros assassinatos de defensores do meio ambiente, indigenistas, indígenas e trabalhadores têm acontecido na região amazônica, muitas vezes sem a mesma visibilidade. É inadmissível que esta situação seja naturalizada e persista em nosso país.
Assim, diante desse acontecimento e da Palavra de Deus, exortamos à sociedade brasileira e, especialmente, à comunidade cristã a transformar a sua indignação em luta, posicionando-se politicamente contra qualquer regime e ideologia de morte que pretenda se instaurar em nosso país.
Rogamos ao Senhor da Igreja que preserve em todos nós a fé no triunfo final da justiça a fim de que, mesmo em meio às maiores provações, possamos permanecer firmes como às árvores plantadas junto aos ribeiros de águas.
Que assim Deus nos ajude!
Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
(CC-IPU 2020-2023)