Pronunciamento nº 20/2022

A IGREJA PRESBITERIANA UNIDA DO BRASIL É UMA IGREJA EVANGÉLICA

 

“…chamados não por intermédio de homens, pois nossa chamada vem do próprio Jesus Cristo e de Deus o Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.” (Gálatas 1:1)

 

Em 1986, três anos após o surgimento da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – IPU – como sucessora da antiga FENIP (Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas), a Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB, reunida em seu Supremo Concílio, aprovou uma resolução na qual declarava que a IPU negava a identidade fiel que caracteriza uma Igreja Evangélica e que os membros da IPU, que desejassem se filiar a uma comunidade da IPB, deveriam ser rebatizados e fazer uma nova Profissão de Fé.

Ao longo destes 36 anos, mesmo com esta decisão em vigor, várias lideranças da IPU e da IPB participaram de celebrações e de encontros de trabalho, sempre em um clima respeitoso. Todavia, reunidos no Supremo Concílio, recentemente realizado em Cuiabá, os irmãos da IPB, sob o argumento de não ver mudanças na postura teológica da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, aprovaram que a decisão de 1986 deveria ser mantida, reafirmando que a IPU deve ser considerada como uma igreja não genuinamente evangélica.

O termo evangélico nos remete ao Evangelho de Jesus Cristo (Marcos 1:1), a Boa Nova de salvação que transforma o ser humano e o mundo, a saber, que o Filho de Deus viveu entre nós, morreu por nós, mas ressuscitou ao terceiro dia, dando início ao tempo da graça em que vivemos (Efésios 3). Essa mensagem do Evangelho e da salvação por graça e pela fé é anunciada regularmente em nossas comunidades por meio da palavra e do testemunho na sociedade, quando, renunciando à omissão, denunciamos as injustiças do tempo presente e anunciamos, em Cristo, a plena manifestação do Reino de Deus.

O termo evangélico, em sentido lato, é empregado para identificar as igrejas cristãs que reconhecem a autoridade dos sete primeiros concílios ecumênicos, realizados entre os séculos I e IV d.C., os quais estabeleceram as bases da teologia cristã ortodoxa. De acordo com essa teologia, cremos e confessamos a fé trinitária, cremos e confessamos a dupla natureza e a dupla vontade de Cristo e, como ecumênicos que somos, em concordância com o Credo Apostólico, cremos que a Igreja de Cristo é composta por homens e mulheres fiéis a esses ensinos, os quais estão espalhados por toda a Terra habitada. A igreja, portanto, não pode ser reduzida apenas a algumas denominações religiosas listadas por seres humanos.

Em sentido estrito, o termo evangélico, no contexto da sociedade brasileira, é sinônimo de protestante. Assim são denominadas as igrejas advindas da Reforma Protestante do século XVI e aquelas que surgiram a partir delas. Com todos esses irmãos e irmãs, nós, da Igreja Presbiteriana Unida, confessamos Deus como Pai, Jesus Cristo como Senhor e Salvador e o Espírito Santo como penhor da herança (Efésios 1:14). Por esta razão, somos fraternalmente reconhecidos por todas as igrejas cristãs brasileiras, incluindo a Igreja Católica Apostólica Romana.

Em nossa base confessional estão os mais importantes documentos históricos da fé reformada: a Confissão Escocesa, o Catecismo de Heidelberg, a Segunda Confissão Helvética, a Confissão de Fé de Westminster, o Catecismo Menor, a Declaração Teológica de Barmen, a Confissão de 1967 e a Confissão de Accra, além de nossos próprios documentos: Compromisso de Atibaia, Declaração de Fé e Ordem, Manifesto de Atibaia, o Pronunciamento Social da Igreja Presbiteriana do Brasil e os Princípios de Fé e Ordem (Art. 3° dos PFO).

Em obediência à oração e ao ensino do Senhor Jesus Cristo de “que todos sejam um” (João 17:21), cremos ser impossível viver um cristianismo isolado. A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil é uma igreja evangélica ecumênica e, desse modo, fazemos parte da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), da Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AIPRAL), da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) e do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

O Evangelho, da maneira que cremos, reúne de forma indissociável a nossa fé cristã ao compromisso com a defesa dos direitos humanos, da paz com justiça e integridade da Criação, sem negar os desenvolvimentos da ciência, da civilização e da cultura no contexto contemporâneo. Nosso espírito profético se coloca contra qualquer forma de injustiça, seja ela praticada na cidade ou no campo, contra trabalhadores, contra as populações indígenas ou contra qualquer outra parcela marginalizada da sociedade. E é por isso que atuamos em defesa da democracia e combatemos a destruição do meio ambiente, todos os tipos de preconceito, o racismo estrutural, a corrupção política, a segregação e as ameaças às mulheres e outros tantos males que temos visto ocorrer em nosso contexto.

No que diz respeito ao papel da mulher na sociedade, a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil foi a primeira denominação presbiteriana em nosso país a reconhecer o ministério feminino ordenado (Diaconal, Presbiteral e Pastoral) e o protagonismo da mulher nas instâncias eclesial e social, em concordância com a Sagrada Escritura que diz que “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).

A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil não se vê como a totalidade do Corpo de Cristo, mas como parte deste Corpo, do qual Cristo é a Cabeça (Colossenses 1:18).

A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil acredita que é possível viver a unidade na diversidade e não pensa que alguém “porque não é mão, não é do Corpo” (I Coríntios 12:15).

A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil seguirá cumprindo o ministério para o qual o Senhor a chamou, permanecendo, como sempre, aberta ao diálogo fraterno e construtivo com todas as igrejas que estejam abertas a dialogar. Somos evangélicos (as) e cremos que, se caminharmos em comunhão com o Pai, seguindo os ensinamentos do Filho, sob a inspiração do Espírito Santo, testemunharemos, perante o mundo, o amor de Deus que faz novas todas as coisas.

Que assim Deus nos ajude!

 

12 de agosto de 2022

Dia do 163° Aniversário da Chegada do Presbiterianismo no Brasil

 

Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil 

(CC-IPU 2020-2023)